quinta-feira, 2 de outubro de 2008
A internet, a estupidez e a esperança
Já deve ter se tornado sabedoria tradicional a crença de que os tempos, auxiliados pela internet, têm tornado os povos mais estúpidos. Realmente, uma geração que tira seu vocabulário e valores de Malhação et allii não inspira muita esperança. Não acredito que a culpa seja da internet, no entanto. Apesar de conhecer vários pré-adultos que equacionam internet=orkut, há muita coisa de primeiríssima qualidade na velha e boa rede intergalática de computadores (além dos Lablogatórios, claro). Descobri hoje mais um blog recifense com um texto invejável: Trança, de uma professora de literatura chamada Flávia Suassuna. Para começar, indico este texto em que se despede de seu pai (recentemente?) morto, tocante.
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6 comentários:
Boa noite,boa tarde ou bom dia
Cheguei ao seu blogue pela chave "isto é uma choldra",do saudoso Eça. Deve ter concorrido para este encontro uma espécie de quimiotropismo. É que temos alguma coisa de comum,guardadas as devidas distâncias. Por exemplo,a Pedologia ou Ciência do Solo,como se queira. É claro que,no seu caso,é Ciência Nova, ou Ciência de Ponta,enquanto que no meu,pobre de mim,é Ciência Velha,Relha. Se se der ao trabalho de dar uma olhadela ao ARG verá isso mesmo.
Dito isto,os meus parabéns pelo seu Curriculum,de muito admirar,e,humanamente,de muito invejar.
Para entreter o pouco tempo que me resta,iniciei-me com um outro blogue,o msg(alguresnestevale).Mesmo que não tenha leitores,como,aliás,praticamente,
vem sucedendo,e a muitos outros, também(não só a si,como se queixou),paciência. É a vida.
Para acabar,peço muitas desculpas pelo tempo que lhe fiz perder,se,acaso,chegou aqui,e também pela intromissão.
Muita saúde e muitos sucessos.
Caro Senhor,
Sou o Ítalo M. R. Guedes, autor do blog "Isso é conversa", em que o senhor muito gentilmente deixou um recente comentário. Agradeço-lhe muito as palavras, que me deixaram curioso porque até agora não encontrara quem gostasse de solos e do Eça, como eu. Gostei muito de ambos os seus blogs e de seu texto, além das belíssimas fotos dos campos portugueses. Suas palavras sugerem que é uma pessoa de muito conteúdo, rico de experiências. Gostaria sem dúvida de "conversar" um pouco mais com este pedólogo da idade da Terra, se possível, trocar impressões. Tenho um outro blog, chamado Geófagos, em que trato de solos, livros e outras coisas, um pouco mais lido do que este e que talves lhe agrade.
Cordialmente,
Ítalo Moraes Rocha Guedes
Caro Ítalo
Para já,quero agradecer,vivamente,o seu comentário,em particular as palavras amáveis(amável,um adjectivo da simpatia do Eça). Quanto ao conteúdo,são, fundamentalmente,continhos,que já estavam enchendo as gavetas(são impressões da longa viagem). O msg foi uma forma de as esvaziar. Para quebrar a monotonia,fui e vou surripiando daqui,dali. O ARG é uma forma de ir lembrando quem me pôs cá. O fundo é rosa,o seu nome.
Quanto à "conversa",é quase impossível. O Ítalo vai na subida,com grande pedalada,e eu,pobre de mim,já vejo a luz do fim. Tavez,por isso,estou como o Voltaire,parece que foi ele:se não houvesse DEUS,era preciso inventá-lo. No meu caso,não tanto como o Criador de TUDO ISTO,mas como o cimentador da familia humana.É que a "Hstória é uma velhota que se repete sem cessar"como Eça escreveu nas Cartas de Inglaterra. Mas que História,Ítalo,de arripiar. Ela é mesmo uma choldra. Já pensou nas lutas,nas guerras,que se têm travado,e que se travarão,por causa do TERRITÒRIO? De arripiar. E a solução só pode estar no assumir um PAI COMUM. Por mais que se estude,que se investigue,vai-se sempre esbarrar com o teu,o meu. A História é uma velhota que se repete sem cessar.
Tantos filófos,tantos pensadores,tantas inteligências,tantos moralistas,tantos economistas.
A realidade,a grande realidade,é o EU.Para se salvar o EU,esquece-se,ignora-se,silencia-se,mata-se o TU. Só um DEUS,assumido por todos. Mesmo que não exista.
Desculpe,mas eu sou um velho,quase a partir,um velho sem conteúdo.
Depois,é o conteúdo A,o conteúdo B.e assim por aí diante. A realidade é o Eu.
Talvez que DEUS se compadeça,um dia,e crie o gene da FRATERNIDADE DOMINANTE COMPULSIVA.
E pronto,e desculpe,se,mais uma vez,chegou aqui.
Se entender dar troco,eu sou o senhor manuel,à inglesa,pelo menos,em 1965,quando por lá passei a correr.
Saúde e continue lendo,escrevendo,investigando,pensando,vivendo,bloguindo.
Já me ia esquecendo,oÍtalo escreve bem e sabe muito. Olhe que isso é perigoso,pode criar inimizades.
Caro Senhor Manuel,
Diz o senhor que a conversa é quase impossível, mas aqui estamos nós a conversar, e boa conversa. Olhe, esta possibilidade de por em contato pessoas aparentemente diferentes, mas no fundo pessoas, humanos, irmãos, é a grande virtude da internet e desta humilde ferramenta, os blogs. Não, Senhor Manuel, não sei muito, tenho uma curiosidade imensa, tenho uma enorme sede de expor e discutir idéias, mas ainda há grande distância até o muito saber, que vem com as experiências, as leituras e a idade. Seus contos, "tirados da gaveta", de uma bela singeleza, denunciam sabedoria e certamente nobreza. Não nobreza de títulos, mas de espírito, que é a única que importa. O senhor, por alguma coisa que li em seus blogs, terá sido agrônomo, agricultor talvez? Também creio que há necessidade de maior espiritualização para a humanidade melhorar, menos discórdia e mais diálogo. Esperemos que isto ocorra um dia. Espero não angariar inimizades pelas minhas opiniões e meus textos, mas agradeço os elogios.
Cordialmente,
Ítalo M. R. Guedes
Estava ontem decidido a não continuar, por agora,a "conversa". E isto,porque o Ítalo tem mais que fazer do que aturar velhos relhos. Mas ao acordar,ainda acordei,deu-me para continuar. É que hoje,já não sou o mesmo de ontem. E quantos serei ainda? Deve saber que,no caso de Fernando Pessoa,se contaram por uma centena os visíveis,porque os escondidos seriam muitos mais.
Mas a que vem isto? Foram palavras que o Ítalo usou as motivadoras. Singeleza,nobreza,espírito... Admitamos que sim,que caracterizam alguém. E depois? A sorte,ou não,desse alguém,um ser gratuito,para o qual ele não pôs,nem prego,nem estopa. Saiu assim,como podia ter saído doutra maneira. Havendo um largo espectro de qualidades,sair-se,por exemplo,muito apto,que não é o meu caso,neste mundo de competição desenfreada,é uma sorte das grandes. De agradecer,até. A quem? Tive um colega de uma memória fora de série. Um dia ,disse-lhe,olha lá,não te vem,às vezes,vontade de agradecer a memória com que nasceste? A Deus não,cá por coisas,mas ao teu pai,à tua mãe? Eu,agradecer? A memória que eu tenho é muito minha,fui eu que a fabriquei.
Depois,o que somos nós,em última ou primeira análise,tanto faz,sem uma única excepção? Um montão de electrões,de protões,de neutrões,e outros ões,arranjados de uma certa maneira. A forma,a essencial realidade. Na Natureza nada se cria,nada se perde...,do velho-novo Lavoisier. Sim,tenho a idade da terra,mesmo que o não tivesse ouvido de um ilustre cientista da nossa praça. E o Ítalo também,e todos. O que são,um mês,um ano,dez,trinta,cem,face aos milhões da Terra? O meu Ca,o meu K,o meu O,o meu C,o C,de tanta polémica,e os meus restantes do Quadro de Mendeleiev,vêm do princípio,da Criação,do Big Bang,e não se sabe mais de quê,que faz lembrar a pescadinha com o rabo na boca.
E depois,Ítalo,somos uns prisioneiros,aqui nesta bolinha,que tem girado com muito juízo,vezes sem conta. Cansar-se-á um dia,endoiderá um dia? Quem sabe? Eu cá não sei,porque sou um simples,como muito pouca,ou nenhuma nobreza,com espírito de trazer por casa(esta e outras expressões atrás,que aqui se usam).
Agora é que é. Passe bem e agradeço-lhe a paciência,no caso de ter chegado aqui. Até outro dia,pode ser que nos encontremos por aí.
Ó senhor Manuel, que é isso de aturar velhos relhos? Então, para se conversar é necessário um limite de idade? Quanto ao meu tempo, desdobro-me e arranjo tempo para tudo, ainda mais para uma boa conversa, mesmo que virtual e a grande distância. Gostei muitíssimo deste seu último texto. Como eu já suspeitava, denuncia grande experiência e sabedoria. Tenho a impressão de que o senhor talvez seja escritor, usa bem as palavras e põe muito sentimento no que escreve. Do que disse, não tenho nada a discordar, tenho é muito que colher dessas suas palavras. Olhe, esta coisa de ficar assim dialogando por meio deste formulário de comentários é meio estranho. Passo-lhe meu e-mail, fique à vontade para escrever que responderei de bom grado:
imrochaguedes(arroba)hotmail.com
Pus este arroba entre parêntese e não o @ porque assim, dizem, é mais difícil de robôs rastrearem o endereço e o encherem de spams. Espero que escreva.
Cordialmente,
Ítalo M. R. Guedes
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