Gosto de ler livros relacionados ao zen budismo, aprecio muito os koans, o desvio amedrontador da estreita lógica e racionalidade do pensamento ocidental. Muitas vezes me perguntei por que, nos relatos zen budistas, quando um sábio atinge o nirvana, geralmente solta uma estrondosa gargalhada. Tive agora um possível vislumbre nirvânico.
Talvez seja o zen budismo uma piada, literalmente. Uma peça pregada a uma porção crédula da humanidade. A iluminação deve consistir no reconhecimento de que toda crença humana no sobrenatural, no místico, numa realidade externa à nossa, seja uma ingênua ilusão. Não há nada além desta vida, daí a ênfase do budismo em viver a vida, para usar um batido clichê.
A "real realidade" superior é a realidade sem ilusões. Eis enfim o porquê da sonora risada dos iluminados - subitamente descobrem que o segredo de sua religião é desvendar que a Religião é uma grande bobagem. O buda repousa nas coisas comuns porque nada há que não seja comum e natural. O ser humano se abriga sob uma espessa noite de ilusões pensando estar protegido do que quer que seja. A noite só protege contra a luz.
Um sábio do ocidente, chamado Darwin, encontrou o caminho, sua visão desanuviou-se e ele atingiu o iluminismo. O Buda repousa tranquilamente sobre meu agnosticismo.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Schenberg, o sonho ficcional e o pensamento quântico
No livro 'Voar também é com os homens', José Luiz Goldfarb, comentando sobre a formação do físico pernambucano Mário Schenberg, diz que "muito da atração por seguir e conhecer mais do fascínio de relacionar o visual com o abstrato, - como no caso da Física e da Matemática, - MS percebeu, ainda jovem, existir também na arte." E eu lembro logo do conceito de sonho ficcional, como elaborado por John Gardner em seu 'A arte da ficção'. A maestria em despertar e manter o sonho ficcional é um dos segredos da arte de bons escritores. Seus textos parecem ter qualidades que os aproximam de algoritmos instruindo o cérebro a construir quase holograficamente toda a história, ambiente, personagens, ação. A palavra escrita manipula o cérebro. A manipulação é no mínimo bioquímica; dependendo de como o pensamento é gerado, no entanto, a manipulação poderia ser mesmo subatômica. Claro que tenho em mente as idéias de Roger Penrose n'A mente nova do imperador'.
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