quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Por que o nirvana é engraçado?

Gosto de ler livros relacionados ao zen budismo, aprecio muito os koans, o desvio amedrontador da estreita lógica e racionalidade do pensamento ocidental. Muitas vezes me perguntei por que, nos relatos zen budistas, quando um sábio atinge o nirvana, geralmente solta uma estrondosa gargalhada. Tive agora um possível vislumbre nirvânico.

Talvez seja o zen budismo uma piada, literalmente. Uma peça pregada a uma porção crédula da humanidade. A iluminação deve consistir no reconhecimento de que toda crença humana no sobrenatural, no místico, numa realidade externa à nossa, seja uma ingênua ilusão. Não há nada além desta vida, daí a ênfase do budismo em viver a vida, para usar um batido clichê.

A "real realidade" superior é a realidade sem ilusões. Eis enfim o porquê da sonora risada dos iluminados - subitamente descobrem que o segredo de sua religião é desvendar que a Religião é uma grande bobagem. O buda repousa nas coisas comuns porque nada há que não seja comum e natural. O ser humano se abriga sob uma espessa noite de ilusões pensando estar protegido do que quer que seja. A noite só protege contra a luz.

Um sábio do ocidente, chamado Darwin, encontrou o caminho, sua visão desanuviou-se e ele atingiu o iluminismo. O Buda repousa tranquilamente sobre meu agnosticismo.

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